quarta-feira, 29 de junho de 2011

Da criação dos Wardjans

As trevas estavam livres e encantaram Cypius. Com o suor de muitos, criou uma enorme torre, a chamou de Verdugo, e se alojou ao sul de Senna, um lugar chamado de Continente Sombrio. Diz a lenda que a estação Umbra era a preferida do ser supremo, e tanto sua torre, quanto seu continente é coberto por uma densa camada negra, como poderosos cobertores que lembram toda a escuridão da noite.

Oliva por sua vez, havia usado grande parte de seus poderes para arrastar as trevas para o sul, e Cypius sabia disso, até aquele momento ninguém sabia do ódio dentro do Ser Supremo pela irmã. Enquanto ela descansava nas montanhas geladas do oeste, ele, nas trevas tramou o maior golpe que o mundo sofreu.

Secretamente criou seres enormes, a simples pupila de um olho deles era maior que dois humanos, alguns tinham pelos que mais pareciam espinhos saindo dos braços, os olhos possuíam cores distintas.

Alguns possuíam um corpo fora de forma, outros eram belos. Alguns eram tão pesados que seus passos podiam ser ouvidos a muitas distâncias, porém outros mal pareciam andar. Essas criações foram destacadas pelos contrastes de cada um.

Há quem diga que essas criaturas são do tamanho de humanos normais, poucos acreditam. O certo é que o poder delas é inquestionável, assim como os calafrios que causam seu nome: Cypius os chamou de Wardjans.


------- Algum Geminiano com suas histórias, Carnaval de Rabrand -------

terça-feira, 21 de junho de 2011

Criação e Punição

Enquanto os elfos detinham tal esfera, a curiosidade dos anões foi atiçada. Eles seduziram seus companheiros terrestres e roubaram a esfera, depois então, abriram o objeto. No exato momento uma enorme névoa negra como a noite, saiu de dentro artefato e o sol escureceu em pranto pelo que houve.

Essa fumaça estava acabando com o lugar, árvores, flor, toda a cidade dos elfos estava sendo destruída como num piscar de olhos, o desespero era visível às almas de todas as criaturas presentes. Então Oliva interveio enquanto Cypius se encantava com o acontecido. Estava enfeitiçado, apaixonado pela escuridão, mas a ser suprema, sempre tão consciente, abdicando de parte de seu poder, empurrou as trevas para o sul de Senna.

Assim que a fumaça dissipou-se, foi visto o que todos passaram a chamar de humanos. Oliva pensou em por um fim na raça, mas novamente, a voz do Criador interveio.

-Não! Este é meu presente ao planeta e não deve ser destruído jamais. Embora tenham sido acordados precocemente, eles habitarão o planeta como vossas criaturas, e a raça de Cypius será punida pelo que fez.

A voz então soou forte onde até mesmo o lugar mais intocável do planeta pudesse ouvir.

- Vós, criação de minha criação, utilizaram-se da inocência para satisfazerem suas curiosidades e contrariar minha lei. Deverão ser punidos. Ficarão excluídos da luz e deverão carregar o fardo que libertaram em vossas costas. Somente quem, a vós fizestes o mal, deverá libertá-los do castigo, e então vós servireis a eles.

Um raio então cortou o céu e atingiu cada anão que se encontrava em Senna. Eles foram levados para o centro do planeta e deveriam segurar de onde estavam a superfície do mundo, ou seja, todo o lugar onde viviam os elfos, animais e agora, humanos. Somente os elfos seriam capazes de libertá-los algum dia.

------- Sacratu para leigos, biblioteca de Eixeh -------


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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os Primeiros Habitantes

O Criador fez surgir então, dois seres supremos, um com aparência masculina, pele negra e cabelos quase da mesma cor. Possuía olhos vermelhos e um corpo robusto. Quem o viu, conta que sua roupa era tão negra quanto o corpo. Dizem que usava um sobretudo com alguns detalhes em vermelhos. Parecia usar luvas mas grande parte das histórias contadas pelos religiosos colocam garras ao invés de dedos. Foi chamado de Cypius.

O outro ser possuía uma graciosa presença feminina, trajando roupas brancas em seda, que dava uma vaga idéia de que a mesma flutuava. Os longos cabelos negros que cobriam a testa lhe deixavam com um ar misterioso, e os olhos verdes mais pareciam uma vasta floresta, onde qualquer homem adoraria se perder.

Esses seres ficaram encarregados de moldar o planeta como bem entendessem. Construíram árvores, animais, flores, chamaram o planeta de Senna, e o dividiu em 5 estações: Verão, onde o calor tomaria conta; Primavera, o nascimento das flores; Outono, época da colheita; Inverno predominantemente gelado e Umbra, onde haveria total ausência da luz.

Diz a lenda que Umbra é quando o deus Fogo, agora como Sol, resolve se isolar com seu presente vindo Criador, a esposa Lua.

Logo depois os dois tiveram filhos, os cometas, que adoram o Infinito do Nada, e às vezes passam pelo planeta para visitarem seus pais. Porém o que mais de grandioso que os Seres Supremos fizeram foi a modelagem de criaturas que se assemelhavam muito às suas formas.

Cypius criou o que chamou de Anões. Eram altos, fortes e robustos, utilizavam as pedras criadas pelos seres supremos como armas, moldavam tal mineral como ninguém, era uma raça rude, descobriram a fazer uma bebida que tinha como álcool o ingrediente principal e sempre era motivo para bebê-la, seja por uma péssima caçada, para assim fazer chacota a um amigo ou até mesmo uma lâmina quebrada ao tentar forjá-la adicionando um novo tipo de mineral.

Oliva criou os Elfos, eram delicados como ela e amantes da natureza ao redor. Enquanto os anões devastavam o lugar em que moravam, os elfos concertavam, e plantavam. Suas casas eram tão belas quanto seus corpos, que possuíam uma pele delicada e pura como o primeiro orvalho da manhã. Moldavam tão bem os minerais como os anões. As duas criações mantinham o equilíbrio do planeta, renovando-o sempre. Após essas duas criações uma voz surgiu.

-Contemplo vossas criações, tão belas quanto vós próprios. Aqui vos entrego meu presente ao planeta. Só vos peço que o abram apenas na Umbra, onde estarão por completo.

E uma esfera envolvida em duas cores reluzentes foi entregue aos Seres Supremos. Eles decidiram que nas duas primeiras estações, os Elfos cuidariam do tal objeto enquanto os anões ficariam com as outras duas antes do Umbra.

Mas os anões possuíam uma característica pouco conhecida até então. Uma curiosidade alimentada por uma inveja maligna e traiçoeira. Queriam ser os primeiros a cuidarem do tal artefato, e isso talvez, causaria a própria ruína da raça....


------- Sacratu para leigos, biblioteca de Eixeh -------


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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Da Criação do Mundo

O frio predominava o ‘Infinito do Nada’ e os deuses aninhavam-se ao redor do deus Fogo para ganhar um pouco mais de calor.

Cada novo dia era parecido com o que se passou, e os deuses, assim como os humanos, possuíam sentimentos de desconforto, comodismo e resignação. Havia a necessidade de evoluir, de renascer. E para isso, precisavam morrer.

Quem tudo começou, foi a deusa Água. Usando de seu grande poder de persuasão, instigou deusa Terra a medir forças com o mais poderoso dos quatro e assim aconteceu.

Não se sabe quando, pois até aquele instante não havia contagem do tempo, que era por sua vez inesgotável e incontável, mas determinado momento, enchendo-se de coragem e de desejos persuasivos aplicados por Água, que Terra atacou Fogo.

Ar que nada sabia o que estava acontecendo, viu sua irmã arremessar um objeto esférico e sólido, com grande velocidade ao irmão que dava acalento a todos. O deus brincalhão tentou parar, mas era tarde demais, seu poder apenas conseguiu diminuir a velocidade do objeto que acertou em cheio as costas de Fogo. O objeto virou cinzas e novas estrelas povoaram o “Infinito do Nada”.

Imediatamente as duas deusas passaram a se contorcer e sentir dor, uma dor sem explicação e tão repentina quanto o ataque de Terra ao irmão. Era a punição de quem os criou no início das eras. Terra passou a flutuar e uma voz surgiu, uma voz tão onipotente que ela só, poderia esmagar cada deus com apenas uma palavra. Essa voz então se acalmou, e suavemente, porém com respeito falou:

- Causadora da morte de teu irmão, o pior castigo é para ti, e será plataforma para os pés dos teus sucessores.


Terra foi arremessado no vazio que se encontrava ao lado do Infinito do Nada, e foi transformado numa grande esfera. A esfera tinha uma cor de barro, e era o que parecia de verdade, uma grande esfera de barro que flutuava no meio do escuro vazio. Esse foi o início do planeta, que logo seria habitado por novos filhos de quem criou os quatro deuses. Então Água foi agarrada e teve a vez de ouvir.

- Tramou a morte de um irmão, viverá junto com o causador e saciará a sede dos sucessores.

E Água foi arremessada na grande esfera e cobriu de azul o lugar, um azul tão bonito como a cor dos olhos da própria deusa, e tão maleável quanto suas criações. Deu-se os oceanos, mares, rios e lagos. Então Ar foi agarrado.

- Está livre para viver sempre aqui no Infinito do Nada. – A voz percebeu que os sentimentos do deus entristeceram-se e deu uma risada – Te deixarei viver no planeta criado para seus sucessores, mas vos darei total liberdade para se movimentar por onde bem entenderes, mas nunca sairá de perto de seus irmãos, estará preso a eles para sempre.

Ar, que parecia então sorrir, foi arremessado na esfera e com ele, veio o oxigênio que era preciso e querido aos sucessores. Ar estava praticamente livre, poderia andar pela esfera e encontrar-se sempre com Terra e Água como bem entendesse.
Então Fogo foi agarrado e a voz agora, falou em compaixão:

- Não deverá morrer. Dar-lhe-ei vida ao meu lado.

Então a morte de fogo foi tirada, e arremessada na esfera denominada a seguir, planeta, para segurar os outros irmãos, essa morte foi chamada de Atmosfera. Fogo ganhou um novo sopro de vida, e quase sem forças, mas com muita emoção, falou que ainda amava seus irmãos e que queria ficar perto deles, pois eles precisavam de sua luz.

Então a voz falou:

- Ficará então presente tanto aqui, onde nasceu e se criou, quanto no planeta em que vivem seus irmãos, pois sei que os ama, mesmo apesar do pecado que cometeram. Brilhará então no céu, e dará esperança aos sucessores. Também não estará só, lhe darei uma companheira, e hora estarão afastados, iluminando o planeta, mas ao se vestirem na noite poderão se tocar quando quiserem.

Fogo foi arremessado no vazio e virou um corpo celeste, que logo os humanos chamaram de sol, que iluminou então o planeta. Outro corpo celeste também foi criado, e o planeta ganhou dois sóis. Esses sóis tinham uma forma como a metade de um coração. Quando eles estavam assim, os sucessores chamaram de dia, e quando Fogo se vestia para encontrar quem lhe foi prometida, os sucessores chamaram de noite. E nesse tempo, o nome sol virou lua, em homenagem ao nome de sua amada, e quando estavam juntos, se completavam, e formavam assim, um belo coração no céu, que recebiam ajuda das cinzas de Fogo, agora as estrelas, a iluminar o céu.

O organizador de tudo isso foi chamado de “Criador” pelos elfos e anões, e “Deus” pelos humanos, fazendo uma analogia aos primeiros deuses: Água, Ar, Fogo e Terra.


------- Sacratu para leigos, biblioteca de Eixeh -------


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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Da forma dos deuses: Terra

Quando a vi pela primeira vez, lembrei dos ensinamentos do deus Ar. Tinha uma beleza diferente, exótica. Seu semblante era dúbio, hora delicado como uma mulher e hora forte como de um guerreiro. No decorrer de sua pele, que tinha a cor do crepúsculo, enxerguei rachaduras, lembrava bastante um solo árido. Tinha um corpo que não devia em nada para o deus Fogo.

“Assustado?”. Ela me perguntou isso com um sorriso nos lábios. Como se soubesse que não tinha a bela forma da deusa Água.

Respondi que não, claro. Deus Ar havia me ensinado algo, e eu não esperava repetir esse erro novamente. E acho que ela gostou de minha resposta, o que me fez ver que os deuses possuíam vaidades, tais quais os homens.

“Sou a última que verá e não terei nada a ensinar”.

“Só tenho a agradecer pelo tempo seu e dos seus irmãos”. Fiquei feliz com essa afirmação, era verdadeira e muito oportuna.

A deusa Terra veio caminhando no vazio até mim, e colocou seu rosto próximo ao meu. Pude ver seus olhos castanhos fortes, que demonstravam seriedade e compaixão ao mesmo tempo. Os cabelos eram grossos, embolados. Pude finalmente notar, através do seu olhar, a sua personalidade inocente .

“Amamos vocês, pequeninos”.

E assim ela me deixou, acordei. Realmente não me ensinou coisa alguma, mas me deixou algo mais importante: O amor dos deuses.


------- Trecho de "Duros Sentimentos", Crônicas de Bach Menestrl -------

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